Conheça as diferenças entre as soldagens por eletrodo revestido e MIG-MAG

Conheça as diferenças entre as soldagens por eletrodo revestido e MIG-MAG

Entender as diferenças entre os processos Eletrodo Revestido e MIG-MAG é importante para garantir a segurança e as melhores práticas nas suas atividades de soldagem. Existem semelhanças entre os processos, mas cada método conta com suas próprias peculiaridades, diferentes aplicações, equipamentos, vantagens e limitações, além de demandar habilidades distintas na aplicação. Por isso, vale a pena conhecer um pouco mais sobre essas duas alternativas de processos de soldagem.

Ao fazer uma avaliação criteriosa, você consegue determinar qual a melhor alternativa para cada tipo de trabalho, além de garantir a segurança desse processo. O professor Sergio Pamboukian — Tecnólogo em Soldagem, especializado em Gestão Empresarial e Mestre em Educação faz um comparativo interessante entre esses processos.

Se você quer saber mais sobre quais as diferenças entre o Processo Eletrodo Revestido e MIG-MAG, continue a leitura e confira nosso post!

Como o processo Eletrodo Revestido e o MIG-MAG se assemelham?

Segundo Pamboukian, inexistem semelhanças entre o processo MIG-MAG e o eletrodo revestido, no que se refere aos princípios de funcionamento, tecnologia, versatilidade e até quanto aos resultados obtidos por ambos os processos.

Entretanto, ele afirma que existe uma sobreposição quanto à possibilidade de aplicação de ambos os processos para a soldagem de aços, o que já não acontece na soldagem dos materiais não ferrosos. Nesses casos, o processo MIG-MAG proporciona melhor qualidade, quando comparado ao eletrodo revestido, apesar de que existe ainda outro processo, o TIG, cujo resultado é ainda superior para chapas finas de alumínio, cobre, níquel e até inox.

Como funciona a soldagem por eletrodo revestido?

Pamboukian explica que o processo de soldagem por eletrodo revestido é fruto da evolução tecnológica da primeira forma de soldagem com a utilização do arco elétrico. Para entender o uso do eletrodo revestido, vale a pena conferir como o processo de soldagem se transformou até essa tecnologia.

Evolução desse processo

O especialista explica que, inicialmente, utilizava-se um eletrodo de grafite para abertura do arco elétrico e uma vareta sem revestimento era adicionada à poça de fusão. Depois, suprimiu-se o eletrodo de grafite, e a vareta, sem revestimento, foi utilizada diretamente para a abertura do arco elétrico.

Isso resultava em um arco elétrico extremamente instável e o material depositado era completamente oxidado pela ação do ar atmosférico.

Surgimento da soldagem por eletrodo revestido

Esse tipo de problema apenas foi solucionado por meio do desenvolvimento de eletrodos revestidos. Nesse caso, a vareta — também conhecida como alma metálica — recebe um revestimento de materiais orgânicos ou minerais por um processo de extrusão, de forma que tal revestimento fica aderido à vareta.

Desse modo, pelo processo Eletrodo Revestido, a fusão do revestimento promove a geração de gases ionizados entre o eletrodo e a peça. Assim, é possível facilitar a abertura e a manutenção do arco elétrico por meio do arco plasma condutor de eletricidade. Esse, por sua vez, transfere as gotas de metal da alma metálica do eletrodo para a peça. 

Processo de solda

Tal processo ajuda na geração de uma proteção gasosa. Por meio dele é que se impede a oxidação da poça de fusão. Além disso, promove a formação de escória que sobrenada o banho de metal líquido, retirando impurezas do metal.

Ela protege o metal de solda ainda aquecido da ação danosa do oxigênio e nitrogênio contidos no ar atmosférico. Por último, reduz a velocidade de resfriamento da solda, minimizando a possibilidade de formação de microestruturas frágeis que possibilitam o surgimento de trincas, especialmente, na zona afetada pelo calor (ZAC).

Como funciona a soldagem MIG-MAG?

O processo de soldagem MIG-MAG, como explica o especialista, utiliza proteção gasosa da poça de fusão, com arame eletrodo contínuo em carretéis ou barricas (packs). 

“O gás utilizado, combinado à densidade de corrente usada, possibilita diferentes modos de transferência metálica, adequados às diversas espessuras e posições de soldagem, justamente, pelos diâmetros dos arames utilizados”, detalha o professor.

Normalmente, os arames têm diâmetros entre 0,8 e 1,6 mm, permitindo a soldagem de chapas de espessuras entre 1 até 150 mm ou mais. A reduzida área da seção transversal do arame, conduzindo elevadas correntes, gera uma densidade de corrente elevada, medida em Amperes por milímetro quadrado (A/mm2).

“A alimentação automática do arame eletrodo é capaz de proporcionar excelente produtividade, com incremento da velocidade de soldagem, alta taxa de deposição, elevado rendimento e aproveitamento do arame, além de cordões mais extensos e contínuos, com praticamente nenhuma escória”, destaca o professor.

Como a soldagem por eletrodo revestido se diferencia do processo MIG-MAG?

Entender as diferenças entre esses dois processos é essencial para conhecer com propriedade cada um deles. Portanto, siga a leitura e confira quais são as peculiaridades de cada processo.

Nos equipamentos

O professor Pamboukian explica que o “processo de soldagem ao arco manual por eletrodos revestidos utiliza equipamentos significativamente mais simples”. Segundo ele, são usados apenas dois cabos, grampo-terra e porta-eletrodo como acessórios.

Por conta disso, requer investimento e manutenção menores, quando comparado ao processo de soldagem MIG-MAG. Por ser semiautomático, esse último utiliza fontes elétricas com mais recursos eletrônicos e eletroválvula controladora de fluxo de gás, destaca o especialista.

Ele explica que há, ainda, componentes adicionais, como: 

  • alimentador de arame e com roldanas adequadas para cada bitola de arame;
  • tocha/pistola de soldagem, provida de gatilho elétrico para acionamento;
  • bico de contato, porta-bico, bocal e conduite para a alimentação do arame eletrodo como acessórios de reposição.

Nos consumíveis

Quanto aos consumíveis de soldagem, o professor explica que “o eletrodo revestido apresenta custo significativamente superior e com rendimento inferior ao arame eletrodo utilizado no processo MIG-MAG”, quando não se inclui o gás de proteção utilizado por esse processo. 

Como principais diferenças, o processo eletrodo revestido apresenta baixa produtividade do soldador industrial, quando comparado ao processo MIG-MAG.

“Ocorre, por se tratar de soldagem manual, devido às sucessivas interrupções para reposição do eletrodo. Isso produz perdas pelo não aproveitamento das pontas de pega de eletrodos, para descarte da ponta não utilizada e troca de eletrodo, além do tempo gasto para a remoção e escovamento da escória sobre o cordão de solda”, detalha Pamboukian.

A produtividade no ambiente de trabalho

No ambiente de trabalho, o processo MIG-MAG pode gerar aumento de produtividade. Segundo o professor, “a velocidade de soldagem do eletrodo revestido, bem como a taxa de deposição de metal em quilogramas por hora, são bem inferiores quando comparados ao processo MIG-MAG”.

Além disso, a quantidade de fumos metálicos gerados pelo processo eletrodo revestido é superior ao processo MIG-MAG. “Por todas essas razões, apesar de ter sido o processo dominante por décadas, o eletrodo revestido foi superado pelo processo MIG-MAG, que se tornou o mais utilizado em todo o mundo” destaca Pamboukian.

Quando cada processo é mais indicado?

O professor destaca que o processo eletrodo revestido é mais indicado em serviços pequenos ou de pequena quantidade, que não necessitem de dispositivos mais elaborados, soldagem de espessuras menores e manutenção. Esse consumível é facilmente encontrado à venda em lojas de bairros e em pequenas quantidades, às vezes, até a granel.

Esse processo também é superindicado em trabalhos de campo e em operações executadas em maior distância do equipamento de solda.

Segundo ele, o processo MIG-MAG, por proporcionar custo total de soldagem inferior, é indicado para produção seriada, que exija repetibilidade proporcionada pela robotização e chapas de maior espessura. Contudo, o professor explica que, cada vez mais, observa-se a utilização do processo MIG-MAG, em substituição ao eletrodo revestido, nas serralherias mundo afora.

Viu como existem importantes diferenças entre o eletrodo revestido e MIG-MAG? Ao entender um pouco mais sobre essas técnicas, você consegue compreender qual a melhor opção para a sua realidade, além de conhecer um pouco mais sobre a evolução histórica do processo de solda.

Quer aprimorar suas habilidades de trabalho? Então, confira 5 dicas de como garantir a qualidade da solda MIG-MAG!

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