cultura de segurança do trabalho

5 pontos fundamentais para estabelecer uma cultura de segurança do trabalho

Manter uma cultura de segurança do trabalho que realmente funcione dentro de uma organização não é uma tarefa fácil. Quanto maior o número de funcionários, mais pessoas estarão sujeitas a riscos ocupacionais. Assim, é preciso comprometimento das lideranças com o tema, pois os colaboradores tendem a seguir os bons exemplos que são postos em prática.

Para detalhar melhor o tema, Flávio Antônio Lima, Engenheiro de Segurança do Trabalho e Gerente da área, concedeu uma entrevista exclusiva falando sobre o assunto.

Siga na leitura e entenda como alcançar esse nobre objetivo!

O que é preciso para uma mudança de mindset voltada à segurança do trabalho?

A mudança de mindset em uma organização referente à cultura da segurança do trabalho deve passar pelo fato de que cada pessoa precisa estar envolvida e comprometida com o assunto. Não adianta imaginar que a responsabilidade será sempre do outro, principalmente das pessoas que trabalham no setor do SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho). É preciso “vestir a camisa”.

Isso quer dizer que a segurança do trabalho precisa ser praticada por todos a todo instante. Ela não deve ser um item imaginário na cabeça de alguém e sim algo prático para ser colocado em ação. Afinal de contas, todos os atos de um indivíduo influenciam no bem-estar do seu companheiro de trabalho.

Esse é o ponto de partida para que cada trabalhador assuma o protagonismo pela adoção de uma cultura voltada à segurança no trabalho, com zero incidentes. Isso gera o que se chama de interdependência, pois a ação de um pode refletir na saúde do outro. Vários acidentes ocorrem (infelizmente) a uma pessoa por descuido não de si mesmo, mas de um companheiro de trabalho muitas vezes.

Como o comportamento dos líderes pode ajudar na cultura de segurança do trabalho?

O modo de se comportar dos líderes é simplesmente fundamental para que uma boa cultura de segurança do trabalho se instale adequadamente em um ambiente laboral. A questão que gira em torno disso é bastante simples: liderar pelo exemplo. Dificilmente uma equipe seguirá as orientações de seus superiores se nem mesmo eles colocarem em prática aquilo que pregam.

Além disso, há também que se frisar que é preciso ser linha dura quanto à exigência no cumprimento das regras relativas à segurança do trabalho e ao comportamento deste. Ser permissivo quando há condutas que exponham um trabalhador e seus companheiros a riscos e perigos é altamente danoso e indica que não há problema em ser descuidado. Isso vai na contramão de uma cultura segura.

E quanto aos colaboradores, qual é o papel deles para estabelecer uma cultura de segurança do trabalho?

A cada um certamente deve caber o dever de praticar a segurança do trabalho no que concerne ao seu próprio comportamento. Assumir a responsabilidade e o protagonismo por seus atos seguros deve vir de uma motivação em preservar a saúde dos colegas e a sua própria. A intenção deve ser de voltar para casa melhor do que saiu, e não sendo vítima de um acidente.

Um dos meios que um trabalhador tem de exercer sua individualidade na promoção da segurança de trabalho em uma empresa é colocando seu direito de recusa em prática. Ao perceber uma situação na qual sua vida pode ser posta em risco, ele deve se recursar a realizar o serviço. Isso é especialmente notável em trabalhos em altura ou em intervenções em sistemas elétricos.

Como implementar uma cultura de prevenção de acidentes no trabalho?

É possível enumerar pelo menos 5 exemplos de como praticar uma cultura de prevenção de acidentes, conforme descrito a seguir.

1. Uma das boas maneiras de exercer uma cultura segura é sempre utilizar diariamente as ferramentas disponíveis para análise de riscos, como a PAA. Há também a análise por árvore de eventos e de falhas, além de metodologias como a HAZOP.

2. Conforme já falado, o trabalhador que identificar condição perigosa para o exercício de suas atividades pode (e deve) exercer o seu direito de recusa. Dois exemplos clássicos ocorrem quando lhe é exigido que suba em altura sem os equipamentos de segurança ou que faça intervenções em sistemas elétricos sem ter recebido o devido treinamento de NR-10, uma norma regulamentadora.

3. Outro ponto muito relevante na disseminação de uma cultura voltada à segurança é o uso de ferramentas comportamentais. Nesse sentido, podemos citar o OIES, PICNIC e o entendimento do Iceberg, com a prática da hierarquia de controle de riscos.

4. Ficar altamente atento ao trabalho também é fundamental em uma cultura segura. Assim, identificar riscos e mapeá-los é adequado, bem como manter registros de quase acidentes, fichas de análises de risco de todas as atividades e o correto preenchimento de checklists antes mesmo de iniciar a jornada de trabalho, em especial no manuseio de alguma máquina ou equipamento.

5. Por fim, uma atitude que ajuda muito no aumento da proteção do trabalho é conversar mais sobre o tema. Assim, os colaboradores devem ser motivados a perguntar como são os mecanismos dos sistemas que trabalham, como foram construídos e o porquê de tudo ser do modo que é no ambiente no qual trabalham.

Além da segurança dos trabalhadores em si, quais outros ganhos as empresas têm ao consolidar uma cultura de segurança do trabalho?

Um dos pontos mais fortes em estabelecer uma cultura voltada à segurança do trabalho é fortalecer a imagem da empresa junto a diversos stakeholders, como a comunidade no entorno da empresa, clientes, etc. Além disso, o impacto também é positivo no setor interno da organização.

Tudo isso colabora para a redução do absenteísmo. Com menos faltas, a empresa produz mais. Além disso, faz com que os funcionários tenham um sentimento de pertencimento maior à empresa ao aderir de bom grado a uma cultura interna.

Promover uma cultura de segurança do trabalho é um desafio em qualquer organização. Para alcançar esse objetivo, vale lembrar que o pilar mais sólido em todo o processo deve partir das lideranças. Por meio de seu protagonismo nesse importante tema, é possível alcançar a interdependência do comportamento dos colaboradores e, por fim, a condição de Zero Acidente.

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